Para os mais distraídos, Buinho não diz muito.

Se pesquisarmos mais compreendemos que no Alentejo, algures em Beja, existe uma organização com esse nome.

Buinho apresenta-se como um dos primeiros FabLabs rurais em Portugal.

Nasceu assim e cresceu depressa.

Desde 2015 que para a Buinho as pessoas são o mais importante.

Os seus membros, a sua Comunidade, os seus visitantes.

É desta rede desconexa de relações que se criaram laços e se constroem pontes que levam a caminhos novos. O Programa Erasmus+ é, por isso, uma aposta natural no desenvolvimento da Buinho, que cedo percebeu ser capaz de oferecer mais à comunidade local, quanto mais fosse capaz de criar dinâmicas internacionais.

Como nos confidencia Carlos Alcobia, um dos responsáveis da Buinho,

“O programa Erasmus+ tem por isso sido um pilar na nossa atuação. Por um lado, permite-nos ter o financiamento para capacitar jovens locais e de outros países Europeus que não têm as mesmas oportunidades que jovens de áreas metropolitanas. O financiamento permite não só termos capacidade para realizar os projetos, mas ficamos com capacidade de intervenção noutras frentes. Os projetos Erasmus+ que desenvolvemos procuram ser disruptivos porque ao serem financiados dão-nos a oportunidade de tornar estas zonas rurais mais atrativas e competitivas, fazendo o mesmo ou melhor do que em áreas metropolitanas. Os projetos Erasmus+ dão-nos a oportunidade de criar relações de trabalho com instituições locais e internacionais, proporcionando que trabalhemos em rede com Centros de investigação, Agrupamentos Escolares, Municípios, IPSS’s, entre outros, e isso fez toda a diferença no trabalho que temos desenvolvido para minimizar os impactos da pandemia nas populações e na nossa comunidade.”

Ora, e se esta pandemia obrigou todos a uma paragem brusca, para a Buinho essa paragem foi apenas para ganhar balanço, compreender a realidade que os envolvia e pôr mãos à obra.

Em 2017-18, a Buinho viu o seu primeiro projeto Erasmus+ aprovado com financiamento. O "Young Rural Makers" permitiu que Youth Workers de várias organizações aprendessem a trabalhar com impressoras 3D, impressoras essas que aprenderam a montar e manusear neste projeto. Ora, o tempo e o engenho permitiu que também nesta organização se compreendesse depressa que estas impressoras podiam ser armas poderosas no combate à COVID-19 e cedo se uniram esforços e se construíram equipas para que daqui se produzissem viseiras de proteção.

O que no início seria uma ação de solidariedade da Buinho enquanto fablab parte de uma rede nacional, rapidamente se tornou uma obrigação em suprir as carências regionais que se agudizavam.

Após um contato inicial com a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, foi tempo de produzir. Hoje já foram produzidas mais de 3000 viseiras de proteção individual que seguiram para diversos pontos do país. No dia 24 de abril eram já 3355 viseiras doadas a hospitais, centros de saúde, Cruz Vermelha, serviços de cuidados continuados, lares de 3ª idade, estabelecimentos prisionais, GNR, PSP, entre outras instituições prioritárias.

Para além disso, um dos parceiros do projeto Erasmus+ de Itália recebeu já 300 viseiras produzidas pela Buinho, e ainda todas as especificações técnicas para que eles próprios usem a sua impressora 3D para o mesmo efeito.

E quando perguntamos se o Erasmus+ ajudou a tentar superar esta crise extraordinária, a resposta deixa-nos cheios de esperança:

“Sem o Erasmus+ a nossa capacidade atual de intervenção regional seria mais limitada, as redes que agora usamos não estariam constituídas, e certamente o Baixo Alentejo teria menos resiliência no momento mais agudo desta crise. E se hoje, uma Itália traumatizada olha com mais desconfiança para a Europa, também é certo, que graças ao Programa Erasmus+ e ao histórico de projetos entre Buinho e Capranica, há um município na região de Viterbo que se apercebeu da importância da Europa, mesmo que para pequenos gestos.”

 

Este artigo é da responsabilidade da Agência Erasmus+ Juventude em Ação. Todas as imagens são propriedade da Buinho.

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