Viver as consequências da pandemia é difícil, desafiante e imprevisível em qualquer circunstância.
A limitação da liberdade de circulação coloca-nos restrições às quais não estávamos habituados.
A incerteza do futuro cria níveis de ansiedade anormais.
E, naturalmente, a necessidade de cada pessoa ser, ela própria, um elemento fundamental na segurança e na saúde comunitária traz novas dimensões a um quotidiano já de si difícil.
Mas existe um público para quem tudo isto ganha contornos ainda mais complicados.
Tantas e tantos cidadãos do mundo que por muitas razões foram “apanhados” em Portugal quando tudo isto começou e por cá se mantiveram.
Pessoas para quem também a língua portuguesa é um desafio, a somar aos tantos outros que esta época atípica acarreta.
Em Águeda, por entre as ruas de guarda-chuvas e o colorido de um frenesim associativo e cultural que precisou de acalmar, existe um grupo de jovens que por estes dias realizam o seu projeto de voluntariado ao abrigo do Corpo Europeu de Solidariedade.
E como poderiam eles continuar o seu projeto, ou um projeto em que pudessem trabalhar, se precisavam de estar em casa?
Diz o ditado que “a necessidade aguça o engenho” e, no caso, o engenho foi ao encontro das necessidades destes e de tantos outros.
Com tantas regras, normas, legislação e obrigações que as instituições nacionais todos os dias emitem, é preciso que todos consigam compreender o seu conteúdo, o seu alcance e, a partir daí, possam corresponder e cumprir.
Ora, com estrangeiros em Portugal e com um domínio da língua portuguesa em tantos casos ainda rudimentar, era preciso criar condições para universalizar, na medida do possível, o entendimento das regras.
Os voluntários da Psientífica colocaram mãos à obra, criaram um grupo no Facebook e começaram a traduzir para inglês a informação mais relevante e atual, de fontes credíveis e verificadas, para que outros estrangeiros a viver em Portugal possam aceder à informação de forma mais fácil e compreensível para todos.
O Centro de Juventude de Águeda foi fazendo a ponte entre a informação e este grupo de voluntários, enviando-lhes os conteúdos mais recentes sobre a pandemia em Portugal, e estes moderam o grupo no Facebook “Erasmus: Quarantine in Portugal” para dar informação em inglês a jovens estrangeiros que se encontram em quarentena em Portugal:
Este grupo conta já com mais de duzentos membros e diariamente fornece informação credível sobre a Covid-19 em Portugal, normas, diretrizes e recomendações.
O objetivo fundamental é simples, mas relevantíssimo:
“o acesso de todos a informação útil acerca da Pandemia, informação essa veiculada pelas entidades competentes e que pela sua relevância deve ser compreendida também por quem vive no nosso país e não está familiarizado com a língua portuguesa”, afiança Elsa Corga, Vereadora da Juventude da Câmara Municipal de Águeda.
Segundo o Borja, voluntário espanhol de Albacete,
“este grupo conecta jovens europeus que estão em Portugal a enfrentar o isolamento e permite mostrar que os voluntários são uma comunidade que pode ajudar nestas circunstâncias. O grupo é importante porque fornece informação credível traduzida de notícias sobre o que está a acontecer em Portugal e também porque me ajuda a pesquisar e a filtrar informação, a par de que aprendo português de uma forma útil. Espero que os jovens percebam que podem contar connosco em caso de dúvidas.”
Eleni, voluntária grega de Thessaloniki que faz parte desta equipa também realça que
“este grupo fornece informações específicas sobre medidas governamentais, medidas cautelares e recomendações, informações sobre a promoção da saúde física e mental, entre outros, para que os jovens estrangeiros estejam em constante atualização sobre a pandemia em Portugal, evitando a desinformação. Este grupo é uma experiência nova que me permite moderar um grupo e aprender português e inglês, ser responsável e faz-me sentir que estou a ajudar pessoas que precisam de saber o que está a acontecer no seu redor”.
Mas para além destes moderadores, voluntários que são ao mesmo tempo construtores de pontes na comunicação, parceiros de jornada de outros jovens voluntários na partilha de experiências e impulsionadores de esperança em tempos difíceis, um pouco por todo o país o impacto desta iniciativa fez-se sentir:
Marco Ruiu, voluntário italiano da AEVA também partilha a utilidade na iniciativa:
“Penso que este grupo é útil para entender como é realmente a situação em Portugal e para que as pessoas saibam como se comportar durante este período. O grupo fornece informações importantes sobre o COVID-19 e tenta criar uma rede entre aqueles que vivem esta situação.”
E assim, entre receios e esperanças, mas com a informação certa sempre à mão e o entusiasmo dos seus voluntários, esta comunidade continua a fazer do Corpo Europeu de Solidariedade um pilar sólido na construção do projeto Europeu e dos seus valores fundamentais.
Este artigo é da responsabilidade da Agência Erasmus+ Juventude em Ação. Todas as imagens são propriedade do Centro de Juventude de Águeda.
Podes saber mais sobre as atividades e o conteúdo deste artigo em https://www.facebook.com/groups/563197754314036/ ou https://www.facebook.com/psientifica